Fazemos saber que tendo nós deliberado criar uma nova paróquia nesta Episcopal cidade […] havemos por bem desmembrar do Curato da Catedral e da Paróquia da Santíssima Trindade o território abaixo indicado e nele pelo presente Decreto erigir e canonicamente instalar uma nova paróquia, juridicamente amovível […] e que funcionando provisoriamente na Capela da Medalha Milagrosa se denominará Paróquia de São José Operário.
(trecho inicial do Decreto de Instalação Canônica da Paróquia São José Operário, datado de 1º de janeiro de 1967) [2]
A Paróquia de São José Operário foi criada em primeiro de janeiro de 1967. O Decreto de Ereção Canônica, mandado expedir por Dom Francisco Borja do Amaral, terceiro bispo diocesano de Taubaté, foi lavrado na Cúria Diocesana e leva as assinaturas do Monsenhor Teodomiro Lobo, então Chanceler do Bispado, e do Monsenhor Evaristo Campista César, então Cura da Catedral. O território da nova paróquia desmembrava-se do Curato da Catedral de São Francisco das Chagas e da Paróquia da Santíssima Trindade, na Vila das Graças. A primeira sede da nova paróquia foi a “Matriz da Medalha Milagrosa”, ou seja, a capela do Externato Santa Luiza de Marillac, tradicional estabelecimento de ensino existente ainda hoje na Avenida Faria Lima, que então se chamava Rua Cavarucanguera.
O primeiro pároco foi o Padre Hugo Bertonazzi, cuja posse ocorreu em 26 de fevereiro de 1967, data esta em que se convencionou celebrar o aniversário da paróquia, por marcar o início concreto das atividades da mesma. No Livro do Tombo da Paróquia encontramos, logo depois do registro da ata de posse do primeiro pároco, como primeira anotação dele:
“Foi hoje batizada a primeira nova cristã desta comunidade paroquial. Chama-se Silvia e é filha de José Antônio Alves dos Santos e Helena Moreira dos Santos. A Santa Missa está sendo celebrada às 19,30hs e tem sido muito concorrida. A hora favorece os operários. Note-se a presença da juventude na missa” [3]
Fato importantíssimo no início da vida da Paróquia de São José Operário foi o lançamento da pedra fundamental da futura igreja matriz. Por desejo de Dom Francisco, que fez à Paróquia a doação de um terreno de 2700 m2 na Rua Cavarucanguera (Avenida Faria Lima), o ato da bênção e colocação da primeira pedra ocorreu por ocasião da primeira festa do padroeiro, em primeiro de maio daquele ano.
Também naquele mesmo ano de 1967, Padre Hugo criou o CCP (Centro Comunitário Paroquial). Era uma organização reconhecida juridicamente com trabalhos de orientação pastoral e social. Foi muito forte a atuação desta instituição nos primeiros tempos da paróquia. A sede deste Centro Comunitário veio a ser o que atualmente é o Salão Paroquial. Aliás, onde hoje temos a cozinha do Salão Paroquial foi feita a primeira edificação da paróquia, que então se constituía num cômodo. Tem-se notícia, também de um barracão coberto de sapé, erguido nos fundos do terreno, que funcionava como espaço para as concorridas festas do padroeiro e festas juninas.
Em abril de 1968, foi iniciada a construção do salão paroquial, cuja utilização teve início menos de um ano depois. Dom Francisco benzeu o novo espaço paroquial em 23 de fevereiro de 1969 e ali celebrou a primeira missa. A partir de maio do mesmo ano, as missas dominicais passaram a ser celebradas no salão paroquial.
Ao longo dos primeiros anos da paróquia, Padre Hugo ocupou-se com a estruturação da mesma, sobretudo no âmbito das diferentes atividades com grupos de pastorais, de espiritualidade e com a catequese domiciliar, sendo também os encontros de jovens uma atenção constante do primeiro pastor da paróquia. Digna de nota também é a preocupação do Padre Hugo foi quanto à constituição de patrimônio para a paróquia, principalmente em vista da construção da futura matriz paroquial.
Tendo permanecido oito anos à frente da paróquia, Padre Hugo foi transferido para o Seminário Diocesano Santo Antônio, onde viria a ser reitor por vários anos. Para substituí-lo na paróquia, em 07 de abril de 1975, foi nomeado como vigário “ad tempus” o Monsenhor João Maria Raimundo da Silva, conhecido como Padre Joãozinho. Em 28 de novembro daquele mesmo ano, uma portaria de Dom Francisco nomeava o Padre João Pelágio de Freitas como vigário ecônomo para a paróquia. Apenas alguns dias depois, em 03 de dezembro, era provisionado o Padre José Benedito Leite (Padre Leite) também como vigário ecônomo.
No breve período em que o Padre Leite esteve á frente dos trabalhos da paróquia, deu início à construção da igreja matriz, cujos tijolos já haviam sido adquiridos no final do paroquiato do Padre Hugo. Contudo, em fevereiro de 1977, Padre Leite afasta-se da paróquia por motivos de saúde, sendo substituído pelo Monsenhor João Maria Raimundo da Silva. Nos meses seguintes, Padre Leite acabou renunciando ao paroquiato e o mesmo foi confiado ao Monsenhor João, provisionado por Dom José Antonio do Couto como vigário autônomo.
Depois deste período de certa instabilidade, foi nomeado um pároco para a Paróquia de São José Operário. Dom José Antônio do Couto empossou o recém-ordenado Padre Geraldo Carlos da Silva no paroquiato aos 19 de fevereiro de 1978. As obras da construção da nova matriz estão em andamento. São realizadas diversas promoções para que as obras cheguem a bom termo. No Livro do Tombo temos o registro da última missa na matriz provisória (salão paroquial) e a primeira missa celebrada na nova igreja:
No começo de fevereiro [de 1979] a Igreja Nova já está coberta, houve foguetório para comemorar a cumieira e muita alegria nos paroquianos. […] Na última sexta-feira do Mês de Março o Pe. Geraldo, vigário, celebrou às 19:30hs a última missa na Igreja Matriz Provisória. Muita emoção nos corações de todos, certamente de alegria empolgante por ter condições de assistir Missa na Igreja Nova. No último Sábado de Março, na nova Matriz, tomada inteirinha pelos fieis, celebrou-se a 1ª Missa com grande piedade e entusiasmo da parte de todos. Muitos choraram por ver um “sonho” realizado. Embora ainda inacabada, a Igreja estava muito bonita e a liturgia desta Missa foi uma “catequese” na paróquia. [4]
No paroquiato do Padre Geraldo foram concluídas as obras da Matriz em sua primeira configuração. Deste tempo, destacam-se o enorme dinamismo da paróquia, motivado, sem dúvida pelo entusiasmo do seu pároco. Foi o tempo dos muitos festivais de música mensagem, dos campeonatos e torneios esportivos no CRP (Centro Recreativo Paroquial) – localizado nas proximidades da Casa do Menor (hoje Seminário de Teologia da nossa Diocese). Floresceram, nesta época, os grupos de jovens da paróquia (designados pela sigla CRAVO), além de outros movimentos eclesiais como o RHC (Relações Humanas a Cristãs, movimento de retiro de conversão) e os DIC (Dia de Informação Cristã) para os jovens. Também nesta época desenvolveu-se o chamado “Recanto”, ou seja, o espaço de barracas beneficentes da paróquia, que funcionava, então, sobretudo por ocasião das festas, no pátio da igreja, sempre com ampla participação da comunidade. É de se sublinhar, finalmente, que no tempo do Padre Geraldo, seguindo a tendência dos tempos do Padre Hugo, a festa de São José Operário fortaleceu-se bastante, principalmente na celebração da novena e com a procissão solene, donde endossou-se a prática de enfeitar as ruas da Vila São José como homenagem dos paroquianos ao seu a padroeiro. Tudo isso foi acompanhado sempre de muito teatro e música, características peculiares do Padre Geraldo.
Em 1986, Padre Geraldo foi transferido para a Paróquia São Vicente de Paulo, no distrito de Moreira César, em Pindamonhangaba. Para suceder-lhe, Dom Antônio Afonso de Miranda nomeou o Padre Roberto Hidalgo de Araújo, conhecido como Padre Beto, aos 09 de fevereiro de 1986. Ele esteve à frente da Paróquia São José Operário por cinco anos. Seu paroquiato foi marcado com forte atenção para as pastorais paroquiais, mormente no âmbito da formação. Neste período, em 1988, chegou à paróquia o Padre José Maria de Alvarenga, cujos trabalhos pastorais foram direcionados para as comunidades rurais da paróquia e para as comunidades da Gurilândia e Jardim Ana Rosa, de onde surgiria, tempos depois, uma outra paróquia para a Diocese (Paróquia Santo Antônio de Lisboa, criada em 2006).
O paroquiato do Padre Beto encerrou-se em 20 de janeiro de 1991. Nesta data, Dom Antônio provisionava o Padre João Leopoldo de Almeida como pároco de São José Operário, sendo seu vigário paroquial o Padre Frederico Meirelles Ribeiro (Padre Fred). No breve paroquiato do Padre João Leopoldo, encontramos iniciativas de formação para os agentes de pastoral, algumas melhorias no interior da Matriz e ligeiras modificações no ambiente externo da paróquia, como a instalação das grades em frente ao templo, substituindo antigos muros.
Alegando motivos de saúde, Padre João Leopoldo de Almeida renunciou ao paroquiato no início de 1993. Em 26 de fevereiro daquele ano, Dom Antônio empossa o Padre Frederico Meirelles Ribeiro como pároco. Padre Fred, como é conhecido, esteve como pároco de São José Operário por nove anos. Fez um profícuo trabalho, dinamizando as pastorais e dando especialíssima atenção à pregação, sua característica marcante. Ao longo de seu tempo como pároco, notam-se registros de enfraquecimento da festa do padroeiro, segundo ele mesmo anota no Livro do Tombo, devido ao crescimento da festa italiana de Quiririm, sempre na mesma data. Também no paroquiato do Padre Fred, sublinham-se a intensa movimentação da catequese paroquial, bem como dos grupos de jovens. Importante ressaltar a grande reforma que o Padre Fred realizou na Matriz, remodelando-a totalmente com a colocação de novo piso e a mudança do presbitério para o outro lado da igreja (antiga porta de entrada). Deste modo, o altar passou a ser sob a torre que fora construída para abrigar o “sino do milênio”, sonho do Padre Fred que, infelizmente não pode ser inaugurado na passagem do ano 2000, devido à inconclusão das obras da referida torre, mas que começou a soar em 31 de maio de 2001.
Já em meados de 2002, Padre Fred ofereceu-se para ser missionário junto à comunidade católica de Londres, Inglaterra. Assim, seu paroquiato encerrou-se em 08 de novembro daquele ano, quando Dom Carmo João Rhoden provisionou e empossou o Padre Gaetano Tarquizio Bonomi como pároco de São José Operário.
Durante o paroquiato do Padre Gaetano, depois feito Cônego pelo Senhor Bispo, destacaram-se constantes iniciativas de formação junto aos agentes de pastoral. Também nesta época, destacam-se duas recomposições dos limites paroquiais, principalmente porque duas paróquias foram instaladas canonicamente na Diocese neste período, ambas com territórios desmembrados da Paróquia São José Operário (Paróquia Santo Antônio de Lisboa, criada em 02 de junho de 2006; Paróquia São Vicente de Paula, criada em 25 de janeiro de 2009). Com a criação destas duas paróquias, o território da Paróquia São José Operário foi amplamente reduzido, ficando restrito apenas à área urbana adjacente à Matriz, não pequena, é bem verdade. [5]
Também durante o paroquiato do Cônego Gaetano foram celebrados os quarenta anos da instalação canônica da Paróquia São José Operário, em 26 de fevereiro de 2007. Por ocasião deste jubileu, o Sr. Amadeu Pellógia e sua senhora redigiram um manuscrito constando de dezenove itens, intitulado “Memórias da Paróquia São José Operário nos 40 anos de sua existência”. Este manuscrito foi copiado no final do Livro do Tombo 1 e abre o Livro do Tombo 2 da paróquia. O último item deste levantamento elenca os padres que saíram da Paróquia São José Operário para a Igreja, conforme transcrevemos a seguir:
Destaque-se ainda que nossa Paróquia, durante seus 40 anos, ofereceu à Igreja quatro sacerdotes: Frei Antônio Peixoto, Frei Eduardo Césare, o saudoso Pe. Nildo do Amaral, o atual vigário geral de nossa Diocese, Cônego [hoje Monsenhor] José Eugênio de Faria Santos e ordenará também presbítero Álvaro Mantovani, o seminarista Tequinho. [6]
Finalmente, é de se sublinhar que o Cônego Gaetano também empreendeu algumas reformas na Matriz durante seu paroquiato. Estas consistiram na reconstrução do presbitério em seu lugar original, remodelando-o com a colocação de arcos que deveriam compor, além do altar principal, duas capelas laterais e em alterações na fachada do templo. Esta última obra foi deixada inconclusa pelo Cônego Gaetano, que foi transferido pelo Senhor Bispo em dezembro de 2009.
Como pároco para suceder o Cônego Gaetano, Dom Carmo João Rhoden provisionou e deu posse ao Padre Luís Lobato dos Santos, que assumiu a paróquia em 22 de janeiro de 2010 e tem dedicado estes primeiros meses de seu paroquiato a reestruturar a paróquia, sobretudo no âmbito do envolvimento com os agentes de pastoral e já planejando uma completa reforma para a Igreja Matriz, que atualmente está amplamente descaracterizada e em precária situação de conservação.
Ao final deste levantamento histórico de uma das mais famosas e tradicionais paróquias da Diocese e da cidade de Taubaté, feito a partir dos registros constantes nos dois Livros do Tombo anotados pelos párocos e vigários ao longo de 50 anos anos de caminhada, segue um elenco com o nome, titulação e período de atuação dos padres que estiveram à frente desta paróquia desde sua fundação:
|
Nome |
Titulação |
Início |
Término |
1º | Pe. Hugo Bertonazzi | PÁROCO | 26/02/1967 | 07/04/1975 |
2º | Mons. João M. Raimundo da Silva | Vigário ad tempus | 07/04/1975 | 29/11/1975 |
3º | Pe. João Pelágio de Freitas[7] | Vigário ecônomo | 29/11/1975 | 03/12/1975 |
4º | Pe. José Benedito Leite | Vigário ecônomo | 03/12/1975 | 23/03/1977 |
5º | Mons. João M. Raimundo da Silva | Vigário autônomo | 23/03/1977 | 19/02/1978 |
6º | Pe. Geraldo Carlos da Silva | PÁROCO | 19/02/1978 | 09/02/1986 |
7º | Pe. Roberto Hidalgo de Araújo | PÁROCO | 09/02/1986 | 20/01/1991 |
8º | Pe. João Leopoldo da Silva | PÁROCO | 20/01/1991 | 26/02/1993 |
9º | Pe. Frederico Meirelles Ribeiro | PÁROCO | 26/02/1993 | 08/11/2002 |
10º | Côn. Gaetano Tarquizio Bonomi | PÁROCO | 08/11/2002 | 22/01/2010 |
11º | Pe. Luís Lobato dos Santos | PÁROCO | 22/01/2010 |
04/07/2017
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Atualmente, temos o Padre Rafael Tiago dos Santos como administrador paroquial desde 04/07/2017
[1] Organização, levantamento de dados e redação: Padre Celso Luiz Longo, que trabalhou como seminarista nestsa Paróquia.
Padre Luis Lobato dos Santos, nascido em Taubaté-SP aos 13 de outubro de 1963, filho de José Mariano do Santos e Albertina Lobato dos Santos. Foi ordenado Sacerdote em 07/01/2000.
Exerceu seu sacerdócio como Pároco de Santa Cruz em Redenção da Serra em 2000/2001. Foi Vice-Reitor do Seminário Diocesano em 2001 e Reitor de 2002 a 2005. Capelão da capelania rural de 2002 a 2005.
Também foi Pároco na cidade de Jambeiro, na Paróquia de Nossa Senhora das Dores antes de tornar-se o 11º Pároco de São José Operário em 22 de janeiro de 2010.
Esteve à frente de nossa Paróquia até o dia 4 de julho de 2017. Em 8 de julho de 2017 assumiu a Paróquia Nossa Senhora D’Ajuda em Caçapava.