Das minhas memórias de criança um dos tempos mais gostosos era o Tempo de Natal. Tempo quando os nossos olhinhos se enchiam de alegria tendo em vista os enfeites, os preparativos, as expectativas das visitas dos parentes de longe que vinham e nos encontravam numa grande festa e confraternização, o armar o Presépio (pintando papel pardo e areia, buscando pedras, barbas de pau, bromélias e outros, construindo estruturas das grutas e ou lapinha etc) e, tudo isto, em função da grande acontecimento da noite de Natal, a celebração do nascimento de Jesus Menino. Lembro-me das rezas e orações que minha madrinha organizava, das visitas aos presépios de vizinhos, parentes e outros. Que tempo saudoso! A nossa fé era tanta que tudo nos movia em função do grande acontecimento.
Hoje, assistimos um processo de modernização do mundo e da humanidade. Entretanto, este valor cristão, fundamental para nós fiéis parece que foi sendo deixado de lado; compromissos outros são tantos, que parece que nos esquecemos do mais importante. Nos lares já quase não vemos mais os sinais cristãos; pelas ruas tudo leva-nos para o dia de Natal, mas natal com “n” minúsculo, pois está direcionado a um sentido outro que o verdadeiro: A CELEBRAÇÃO DO NASCIMENTO DO SALVADOR. Percebe-se uma ateização do Natal, quando acontecem muitas compras, muita comida, muitas festas e pouco Menino Deus, pouco Jesus, pouco Salvador.
Presenciamos hoje, também, um tempo em que as pessoas sofrem de angústia “congênita”, dá a impressão que já nascem carentes e angustiados e que perderam ou nunca tiveram sentido para suas vidas; falta-lhes a capacidade de ter esperança no amanhã. Esquecem-se dos ditados populares: “há sempre uma luz no fim do túnel” ou “depois da tempestade sempre vem a bonança”. Vivem como se nada pudesse se esperar do futuro, da vida. Vivem como se o amanhã não pudesse ser diferente, trazer nada de novo ou bom. Dá-nos a impressão que as pessoas:
– ou não entendem que o futuro “a Deus pertence”, mas que exige a nossa tomada de posição e de atitudes concretas, diárias, com ações correspondentes e consequentes resultados. Nós somos senhores do nosso futuro. Alguém me dizia outro dia que sobre o passado nós não temos nenhum controle ou poder, sobre o presente ele é muito rápido, mas sobre o futuro, em tese, temos total possibilidade de realizá-lo como projetarmos. Basta que o façamos de modo coerente, bem pensado e certo;
– ou não querem se comprometer e se responsabilizar pelos seus atos, assumindo livre e corajosamente a construção de si;
– ou depositam sua esperança em portos errados. Esperam que a vida se realize e se encha de sentido num viver voltado para as exclusivas frivolidades da existência, do consumo frenético e sem necessidade, do agito alucinante e constante, que não leva a nada, do consumir, consumir, consumir e nada ser.
É preciso que resgatemos a esperança da “luz do fim do túnel” e não temos dúvidas que esta luz só pode ser O SALVADOR, JESUS, a LUZ QUE SURGIU ENTRE AS TREVAS, (cf Isaías 9,1-6 e Lc 1,68-79) para nos aclarar a existência, nos ajudar na caminhada e nos reacender a esperança dos dias futuros. Quantos séculos os nossos pais andaram nas trevas, na esperança do dia do Salvador até verem realizada as suas esperanças? E nós que já temos a realização ainda nos dispomos a caminhar como se ela não fosse importante ou já não se realizasse. É necessário que resgatemos os valores fundamentais do nosso ser e existir. Possivelmente, quanto mais nos distanciamos do verdadeiro sentido do Natal, o Nascimento do Senhor Menino, mais angustiados ficamos; consumimos muito, mas continuamos vazios; enchemos-nos de coisas e acontecimentos, mas continuamos a nos angustiar sentindo-nos carentes. Temos tudo e não temos o principal DEUS NASCIDO NO NOSSO CORAÇÃO.
Queridos irmãos, paroquianos de nossa Paróquia de São José Operário ou de outros lugares, reacendamos a esperança; resgatemos as tradições antigas que nos encaminhavam para o verdadeiro Natal; busquemos a Luz do Senhor, que brilha para nós; plenifiquemos-nos do Menino Deus, nascido para nós e para nossa salvação; acorramos ao Senhor com cantos de louvores e Glória juntamente com os Anjos. Que o nosso Natal seja um renovar de esperanças por temos a certeza de que o Senhor já veio para nossa salvação. Assim nós poderemos cantar jubilosos com Simeão:
DEIXAI, AGORA, VOSSO SERVO IR PAZ,
CONFORME PROMETESTE, Ó SENHOR.
POIS MEUS OLHOS VIRAM VOSSA SALVAÇÃO,
QUE PREPARASTES ANTE A FACE DAS NAÇÕES:
UMA LUZ QUE BRILHARÁ PARA OS GENTIOS
E PARA A GLÓRIA DE ISRAEL VOSSO POVO (Lc 2,29-32).
Sejamos felizes, Cristo Salvador já nos veio…
Padre Luís Lobato dos Santos
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Padre tenho tambem muitas saudades do meu tempo de infancia nessa epoca quando minha mãe me levava pra ver o presepio mecanizado que havia na Igraja N. S. da Lapa em S. Paulo, onde moravamos pra mim era festa, ver todas aquelas miniaturss de imagens se movendo e relembrando o Natal, em casa eu tambem saía a procura de material pra montar o presepio,capim, pedras,usavamos espelhos pra formar o lago, e todo ano minha mãe comprava mais uma imagem, animais pra aumentar o nosso presepio feito do nosso jeito mas com carinho, e eu ficava triste quando chegava a hora de desmontar hoje em dia é dificil ver presepios em casas,onde ainda vejo é na roça, infelizmente como o senhor diz estamos na era do consumimos, exageros e desperdicios, mas ainda temos esperança no amanhã, com minha neta sempre conversamos sobre Jesus ainda ontem cantamos parabens pra Jesus, e mostramos pra ela que Jesus era o mais importante da festa.Obrigada pelo carinho que o Senhor tem pra com nós paroquianos.um abraço