A NASA anunciou a descoberta de um sistema com planetas semelhantes à Terra e nas redes sociais surgiu a pergunta de como a eventual descoberta de vida extraterrestre poderia mudar o cristianismo e a sua visão do universo.
Em 2012, o então diretor do Observatório Astronômico do Vaticano, o jesuíta argentino José Gabriel Funes, afirmou que, mesmo que existam grandes probabilidades de que haja vida fora do planeta Terra, isso não mudaria a visão cristã do universo. “Não vejo nenhuma dificuldade para a fé católica”, assegurou.
Em declarações ao Grupo ACI, o sacerdote assinalou que se houver vida extraterrestre, “os católicos não precisamos mudar a nossa visão do universo”, porque “Deus, em sua liberdade, poderia ter criado também outras criaturas inteligentes e podem fazer parte da criação”.
Segundo o Pe. Funes, estes seres “poderiam relacionar-se com Deus, assim como nós” e a sua existência não estaria em contraposição com a existência de Jesus Cristo.
O sacerdote explicou que tudo é reduzido a probabilidade. Considerando que o universo foi criado com cem bilhões de galáxias e, “se dividimos as galáxias na população mundial, cada pessoa teria 14 galáxias, cada galáxia é formada por cem bilhões de estrelas”.
Então, é possível “que cada uma dessas estrelas tenha planetas girando ao redor de outras estrelas, como fazem ao redor do Sol. E, portanto, seria possível a existência de vida no universo”.
“É muito bom o que nós sabemos, porque podemos reconstruir a história do universo desde os primeiros instantes até a formação da Terra, dos planetas, isto não está em contradição com a fé, nem com o que aprendemos na mensagem bíblica e também na reflexão teológica. O que sabemos pela fé, e também pela razão, não só pela fé, é que Deus é o criador, um Pai bondoso, que nos sustenta no ser, no existir”, disse.
Neste contexto, recordou que o universo “existe graças à vontade de Deus e, como diz a Bíblia, ‘ao terminar de criar viu Deus que era bom… ’, também deve nos ajudar a ver a bondade do universo, olhar também com olhos de bondade para a história da humanidade e para a nossa própria história na terra”.
O Pe. Funes estudou licenciatura em Astronomia em 1985, depois, ingressou na Companhia de Jesus e, após sua ordenação sacerdotal, estudou o doutorado em astrofísica na Universidade de Pádua (Itália). Em seguida, os superiores da sua congregação o enviaram como astrônomo ao Observatório do Vaticano e, em 2006, o Papa Bento XVI o nomeou como diretor do organismo.
O Pe. Funes assinalou que o Observatório “tenta construir uma ponte, uma ponte entre a Igreja Católica e os cientistas, especialmente com os astrônomos. É um desafio entusiasmante, que também permite chegar a um público maior, porque há temas muito interessantes, a origem do universo, a possibilidade de vida extraterrestre”.
Neste sentido, explicou que a relação entre ciência e fé ocupa um lugar muito importante para o Santo Padre e “pode-se ver nas suas homilias, nos seus discursos … sobretudo, para o Observatório Vaticano e para os outros observatórios no mundo. 2009 foi um momento muito importante, porque foi o ano internacional de astronomia. Durante esse ano, o Papa (Bento XVI) se referio muitas vezes de maneira especial à astronomia e, no mesmo ano, o Pontífice inaugurou as novas instalações do observatório”.
É possível afirmar que a criação do Observatório Vaticano, como é conhecido atualmente, foi em 1891, quando o Papa Leão XIII pretendeu demonstrar que a Igreja não se opõe ao desenvolvimento científico e que, muito pelo contrário, promove a ciência de grande qualidade.
Atualmente, o Observatório Astronômico do Vaticano é dividido em dois grupos, um grupo com uma sede histórica nos jardins pontifícios de Castel Gandolfo e outro no Monte Graham, Tucson, Arizona (Estados Unidos), no qual os investigadores, principalmente sacerdotes jesuítas, têm o telescópio mais importante. É um dos centros astronômicos mais importantes do mundo.
fonte: Catholicus
